quinta-feira, 5 de março de 2009

Questão para os performers da Beleza

Qual a foi a vossa relação com a pergunta "E se" de ontem?

Esteve sempre presente? Diminuiu o volume com o passar do tempo?

5 comentários:

  1. Não diminui. Aumenta. Dou comigo a despertar o sensor durante o dia, para lá do exercício. Ontem não funcionou a música. Gostava de experimentar sem música. A cru. A tendência é começar a dançar e eu não queria. Eu queria uma revelação! Eu não queria significar, queria que me fosse significado. Não sei. Ainda não percebi isto.

    Bem, aqui estão as minhas notas sobre a Ana. "A Ana parece andar atrás de significantes. Neles deve esperar encontrar a beleza. Como um cão segue o comportamento do dono (meio ambiente) à espera que vá buscar a trela para ir à rua. Ela está como um cão à espera da beleza (atenção que eu refiro-me à espécie de concentração dos cães! que é enorme! não há nada de pejorativo nisto). Ela quer ouvir com os ouvidos. Deve ser porque é música. Ela parece tensa, desconfortável. Muito ansiosa. Parece um cão com fome. Ela está contra a parede e de repente vira-se com uma expressão em que eu leio "E se a beleza não vier?" Os dedos das mãos dela são terminais nervosos. Primeiro agitam-se subtilmente, levando os braços a tensionarem-se, mas agora escavam na parede. Ela ri-se muito. Depois fica séria. Depois ri-se mais e depois fica triste."

    Estas são as notas sobre mim: A música perturbou-me horrores. Era hipnótica e dava-me vontade de rir e começar a fazer de zombie. Depois começou a dar-me vontade de dançar (produzir significantes) e eu não queria. Quer dizer, eu senti que não era por aí. Senão eu ia começar a fazer "coisas bonitas". Eu não queria "fazer" beleza, eu queria "sentir" beleza. Na altura não me pareceu esse o sentido. Depois do exercício pareceu-me que talvez fosse. Mas agora acho que não outra vez. Shit. Não sei. A pergunta é: "E se o meu corpo estiver sempre à procura de beleza". Não entendo. Não entendo. Quando me abracei à roupa que estava no chão foi muito pacificador. Pensei que estamos sempre à procura da beleza no "outro". Acho que o afecto e a beleza são parecidos. Pelo menos a beleza faz-nos rir e também nos faz chorar. Oh meu deus! De qq forma eu senti que havia qualquer coisa aí. Se houver próxima vez gostava de experimentar jogar mais com os outros. Bem, vou ficar com este desconforto e concentrar-me na pergunta: "O que faz falta?". Espero desejosamente pelo próximo capítulo, mas estou a pensar não pensar mais nisto. Vou esperar por uma revelação!

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  2. No meu caso, começo por pensar a pergunta, ou seja, ouço ressoarem as palavras na mente e às vezes também as vejo escritas, mas depois à medida que avança o exercício sinto que a pergunta vai ganhando uma presença maior e não é preciso que a esteja sempre a pensar com uma forma, simplesmente deixo-me suster nela. Não deixo de ter a pergunta presente, mas a forma como o faço muda ao longo do exercício. Não sei se me explico bem nem se respondo à pergunta...

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  3. A coisa que mais me salta á vista no que escreves Micaela, e o processo que descreves é interessante per si e até como imaginário, é de facto esse enorme nr de quereres e não quereres.
    Não há nada a querer ou a não querer no exercício, só há uma escuta a ter (primeiro passo, deixar acontecer (segundo passo) e aceitar o que acontece (terceiro passo).

    Faz sentido?

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  4. Este terreno é novo para mim, como sabem. Não sei até que ponto a forma como o vivi será descrita de uma forma demasiado superficial, de quem não está nem habituada a lidar com, nem consciente do seu corpo.

    Vou, de qualquer forma, publicar as minhas notas de escrita automática resultantes da observação da Micaela!

    Beijinhos afinados*

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  5. Olá,

    Vou só deixar aqui, para já, a minha enorme dificuldade com este exercício, e vou tomar-te Prima esses três pontos que marcaste: escutar, deixar e aceitar (escrevi-os para os ter comigo) - ainda estive e estou demasiado "preso" (a tanta coisa!) e a bater contra várias paredes.

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