Solo Paulo: urgência, sopro, urgência, sopro, urgência, urgência, livre, urgência, livre, fôlego, livre, fôlego, livre, fôlego, azul, fôlego, azul, fôlego, fôlego, fôlego, azul.
Solo Francisca: a cair, a cair, a ler o chão e os átomos e o universo todo e mais, a ser tocada pela linha, pela latitude, pela órbita e pelo teu gesto.
Solo Teresa: a minha frente é o teu chão, e se a minha beleza for maior que a tua fico eu!
Solo Micaela: húmido e sol, sol e partido, sol e sempre o mesmo, partido, se me ouvires consegues e sentes que não é só para baixo e também para os lados. Raiar as lágrimas é algo de que não devíamos envergonhar-nos, mas acabamos sempre por rasgar a folha.
Solo António: é a mola e a balança, sem deixar de ser a santa da roupa que me incomoda, e se não tentar não há palavras que querem sair sem eu as deixar, há dias em que o movimento podia ter beleza, e não é que não me lembre disto quando começo, mas porra pá!, podia estar bem mais à vontade e ter mais deixas, ou podia ser que o silêncio fizesse ruído, e então era lá, no horizonte, e não, poça!
Solo Filipe: acho que não perco nada se me perder nela. Se me afogar acho que não perdes nada. Já lá estás, é para ti que vou e é contigo que me alinhavo, é com o gozo deste negro que afunda na água.
domingo, 15 de março de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
eu
ResponderEliminarrespiro
eu
suspiro
eu
transpiro
eu
espirro
eu
embirro
eu
prosigo
eu
e não tem pra ninguem
adorei o blog
carlos
Não consigo entrar em condições, por isso vou mandar as minhas notas desta forma menos indicada. Tenham paciência!
ResponderEliminarPaulo:
O Paulo tirou as meias para correr num campo de flores. Depois abriu os braços no ar e pôs-se em bicos de pés. Nas "alturas", que é o domínio do pai. Depois deitou-se no chão. Abriu-se todo no chão. O chão é o domínio da mãe. Ele establece-se entre estas duas coordenadas. Tanto amor pude ver.
Francisca:
Mais uma a voar. O pescoço cai-lhe tão bem. Depois oferece o peito. Pelas linhas dos braços escorre mel (Ela também está no meio de flores, deve ser hidromel). Tu levas bofetadas de beleza como brisa. Francisca é igual a brisa. Toma-me (beleza), que eu serei tua. Espécie de arrebatamento de Teresa d'Ávila, mistério do meu pensamento.
Teresa:
É para ali que fica. A beleza fica para ali. Eu fico para ali, fico com ela. A beleza está aqui na minha mão e a minha mão está agora na parede. Está aqui e eu estou centrada, eu estou por cima dela. Dentro da minha bacia está sempre a beleza, caminha comigo. ("In beauty shall I walk") Mas agora não quero ver mais. Não quero que me vejam agora. Está para ali. Muda sempre de lugar, a beleza volátil. Dançarina por cima dos meus ombros.
António:
equilibro-me agora neste ponto de vista. E ele arrasta-me.
1. "Vá, deixem-se disso."
2. "Não."
3. "Há palavras que me povoam a cabeça. Querem sair. Mas eu não deixo. Vão ficar lá.".
Também te criticas.
4. "Pôrra, pá, difícil. O casaco não sai. O horizonte."
E ele empurra as palavras para dentro da boca com as duas mãos.
"Experimento deixá-las sair com gestos."
- mas não é a mesma coisa.
5. "Não. Esqueçam. Não é nada disto. "Pôça! ai."
Ana:
Eu tenho coragem, mas também tenho um certo medo. Também quero muito falar. Sinto-me um "dó". "Ré" a ressoar-me no peito, na cana do nariz. O diafragma bem apoiado e pelas mãos sai-me música (Assim um "Ó laxáteme piagarme"). Também queres dizer sobre a beleza que sentes e que quase te doi aos ouvidos. Mas é que o som não sai, não pode sair. É que não é possível exprimir tanta beleza. Tanta beleza. Eu caminho sobre ela como sobre papel de arroz. Aquilo que eu vejo só a mim me diz respeito. (Não é verdade, mas não posso dizer.) Nada disto é possível.
Filipe:
É desta. É desta que eu me vou abandonar. Mas donde é que ela vem? Pronto, já passou. Talvez se eu puser as mãos no chão a possa sentir a chegar. Talvez se eu fechar os olhos. Dou agora um passinho de dança para a chamar, mas o corpo não me condiz com os olhos. Sério, sério. Isto da beleza é um assunto muito sério. Pronto, vou-me embora, não quero mais, já chega.