Teresa S.
A vibração que sinto dentro começa a manifestar-se no corpo, primeiro com gestos que me fazem lembrar movimentos inquietos, até começar a concentrar a atenção nas mãos. Procuro nelas e esta vibração que antes se manifestava no corpo todo começa a manifestar-se nos ombros fazendo-os tremer. Encontro uma posição em que as minhas mãos encaixam. Encontro beleza e não as quero soltar. Observo-me através delas, como se se tratassem de um espelho. Deixo que me surpreendam quando as deixo deslizar até soltar, e vejo como a mão vai directamente até à minha face e volto a encontrar beleza. Há partes do meu corpo que estão fechadas e outras vão-se abrindo. Sinto a presença delas e quero que se vejam também através das minhas mãos. É o que tenho para lhes oferecer. Uma mão descansa na coxa e todo o corpo repousa nela, enquanto a outra viaja o mais longe possível de mim tentando aumentar o meu mundo, a mão expande-se e torna-se mais receptiva, como a antena desta procura. Apercebo-me de uma mão que se fecha e outra que se abre e movo-me em volta delas. Abro-a no final e voltam ao seu encaixe perfeito, como um molde.
Teresa P.
Vai-se revelando aos poucos. Começa numa posição fechada, cai e vêm-se as costas numa posição mais aberta e a mão na cabeça, vira-se para cima e vêm-se traços da cara até tirar o carapuço. Continua à procura nesta posição acocorada, redonda, no chão. Numa vez estende os braços em direcção aos meus pés e sinto que as suas mãos e os meus pés comunicam. Começa a desenhar no espaço, a reconhecer espaços que já lá estavam, são movimentos redondos e o seu corpo está completamente entregue a estes mundos que cria dentro do seu mundo. É aqui que se levanta e nos círculos que dá ora para um lado ora para o outro com os braços abertos, cria círculos. Fica em equilíbrio quase como se estes círculos no espaço a equilibrassem. O olhar fixo em algo leva-a para o chão. Caminha com cada uma das mãos apontando na direcção de cada uma de nós. Volto a sentir o contacto que é reforçado quando olha para nós. Levanta-se, rodeia-nos até entrar-mos as três numa espiral que cresce e que termina naturalmente à medida que diminui a intensidade.
Isabel
Começa estabelecendo contacto visual connosco, deixa-se deslizar até se sentar de lado e reparo na posição abandonada da mão, há aí algo de belo. Volta a olhar-nos agora noutra posição com outra perspectiva. Continua a deslizar nas pernas, viajando pelo chão, o peito vai-se abrindo e os braços estendem-se, como se procurassem mais longe. Vai-se desfazendo das camadas que a protegem ficando cada vez mais frágil. É quando tira as meias que se levanta e os braços estendidos a levam a descobrir mundos e movimentos novos. Há uma espécie de rebound nos braços, como se ganhasse energia para continuar e ao mesmo tempo recordassem o que acabaram de experimentar. Senta-se de costas ficando o corpo na sombra e os pés iluminados. À medida que se movimenta, outras partes do corpo ficam iluminadas. Com braços frágeis vem ter connosco para dar e receber de nós e de si.
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