(Escrevo ao som da banda sonora do “Baraka”…)
Apesar de não escrever por aqui como gostaria, estes tempos de Projecto B foram para mim também de maturação… Por vezes, neste encontro com outras pessoas, outras realidades, outras vivências, vou alargando os meus horizontes sobre o que nos rodeia. Afinal, a Beleza não é efémera, está ao nosso alcance. Apenas preciso serenar o coração, o corpo, a vida, e deixar que Ela vá sussurrando um pouco de si, para depois deixar-se explodir à minha frente e encontrar a transcendência…
Não quero ser longo no que aqui escrevo e deixo como memorial de sessões em que partilhámos muito de nós através de silêncios, gargalhadas, movimentos, escutas, interrogações, fusões, conversas, vontades de conhecimentos a aprofundar, percepções, encontros…. e muito mais… com a Beleza…
Fiquei a conhecer mais um pouco do meu corpo e da relação que se pode estabelecer com o fluir da dança, ou dos movimentos, na busca da Beleza. Afinal, como religioso, também experimento diariamente esta vontade de caminhar em direcção à Beleza. Dou-lhe outro nome: Deus! Por vezes há um medo terrível de O buscar, como se fosse bicho papão e depois, o que acontece é que se vive com Ele de outra forma, com outro nome. Porque digo isto? Foram alguns, para não dizer bastantes, os momentos em que me emocionei… Que senti mesmo que O contemplei. Estivesse em “cena” na busca de vários “ses”, estivesse a contemplar a busca dos outros, de cada um de vocês. Lembram-se quando falei da passagem da Transfiguração? Não é fácil explicar… Quando releio o que escrevi ao longo das sessões, recordo os momentos em que houve ali, naqueles momentos, o clique da explosão de onde emergiu a beleza.
Creio que conseguimos alcançar muita densidade. Com pena minha, por ter de voltar, não consegui ficar para os comentários finais depois das nossas apresentações. Do conjunto o que me ressaltou foi a certeza de que revelámos um pouco do que somos. Senti e percebi mesmo isso, enquanto vos via e me sentia, que demos aos outros o que significou o “Projecto B” no seu todo nas suas várias sessões.
Em mim, com as minhas filosofices e teologices, levantaram-se imensas questões. Naturalmente vivo a questão da relação com o Outro – a Teresa e eu sintonizámos muito bem -, além disso, surgiu a questão do tempo – passado, presente e futuro -, do espaço, da ironia, do humor, dos (des)encontros, da brincadeira, da (M)mulher, da transcendência, atrevo-me mesmo a dizer, da forma como nós, humanos, Vivemos. E tudo nesta busca do Belo, através do Corpo que somos.
Digo ainda que, aqui e agora, pode ser a porta para saborearmos o que ainda está a ser vivenciado por cada um de nós. Naquela penumbra, à luz dos aquecedores, senti a sintonia, como já referi, da relação através de sonhos que se podem realizar… no segredo de uma dança, apresentação, performance. Se me disserem que não existe “fantasia” não acredito… Ela está aí, basta “limpar” o Corpo dos ruídos, serenar e deixá-lo falar… Ele dirá muito de si e da Beleza que existe… que É!
De facto, como a Micaela várias vezes me disse, sou um [futuro] padre muito estranho...
Agradeço-vos. Muito! E até breve…
P.S. - Deixo o link para o meu artigo Ser Humano: Ser Corpo em Relação que foi publicado na revista (basta clicar) "Informativo FdeS - Ferraz de Souza"
O Site base: www.ferrazdesouza.com
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