I – 'Kenyoku'
Coloco-me no centro.
Abro-me ao espaço.
Dou-me ao espaço.
Danço nessa minha abertura.
Observo e dou-me a observar.
Agradeço o meu espaço.
Danço no chão que me faz sentir livre.
Espero... Sento-me... e recebo-o...
Os meus braços ficam tomados pelo coração...
Aos poucos tudo vai entrando em mim... Abro-me para ter espaço... Recolho amor...
Distribuo-o por todos os meus membros.
Dos meus sacos, solto a terra em cinco diagonais... o espaço transforma-se em montes e vales...
Cá de trás atiro cinco pedrinhas para lá...
Caminho por entre eles... uno com terra os montes... para que haja caminhos entre eles...
Sento-me nos seus intervalos... Entrego o meu corpo a esta terra-mãe... Lavo-me com ela...
Caminho de olhos fechados sobre ela... Procuro a terra para me orientar...
Fico em paz quando a encontro...
II – 'Sou mãe, amor, vida...'
Sento-me de joelhos.
Olho a luz...
Olho em frente...
Olho com amor...
Pouso as mãos no chão..
Sinto-o, olho-as, uso-as para me esticar...
Deitada em embrião sabe-me bem mover os braços à minha volta sempre em contacto com o chão.
As minhas mãos como ponto de apoio.
Volto a ajoelhar-me para meditar...
Pego num saco e decido despejar a terra toda num monte.
Pego num segundo e despejo em cima do primeiro.
Pego num terçeiro e despejo em cima do primeiro e do segundo...
Pego num quarto, num quinto, e despejo o quinto em cima do primeiro, segundo e terçeiro.
Pego no quarto e delicadamente despejo à volta do primeiro, segundo, terçeiro e quinto.
Volto a colocar os sacos no seu lugar...
Arregaço as calças, preparo-me e enfio o meu pé e perna direita mesmo no centro alto do monte. Enfio logo de seguida a esquerda, mexo os meus dedinhos dos pés e um pouco das articulações que me dão prazer no saborear deste monte de terra humida...
Aos poucos vai ficando uma cratera, que o meu corpo mole constroi...
Expando o monte para vários montes e depois para uma planicie... A minha cama... … …
Acordo. Ajoelho-me no centro e cubro-me de terra...
Eu sou uma extensão da terra...
Terra que desapareçe por entre as pernas quando as abro...
Mãe que gera...
Dadora de vida, porque é vida...
quinta-feira, 13 de maio de 2010
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