quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Como prometido transcrevo alguns excertos da 1a conversa do Ciclo de conversas com pessoas sentadas em círculo com Teresa Prima (coreógrafa e pedagoga) e Aldina Rodrigues (enfermeira e terapeuta de medicinas complementares), moderada por Paulo Duarte,sj, que teve lugar no NEC no passado dia 21 Janeiro no âmbito do Serviço Permanente e da minha residência B por lá.
A- Deixamos de treinar os sentidos em função da rapidez da realidade e da quantidade de imagens a que estamos expostos a todo o instante. A ausência de compreenderes e utilizares o teu ser como um todo mesmo para o lá dos 5 sentidos.
A- A imagem é tão rápida que perdemos a beleza das coisas.
P- Sim, a velocidade é tão grande e devido ao poder imagético está-se a perder a dimensão da contemplação.
A- De facto estamos viciados em adrenalina e fazemos coisas cada vez mais loucas e torna-se cada vez mais difícil contemplar uma coisa simples, está-se a perder a predisposição de reparar nas coisas que já lá estão, uma porta fantástica numa casa por onde sempre passamos.
T- Há cada vez menos espaço para fazer esse exercício de contemplação/observação, muito facilmente nos esquecemos de fazer isso. O PB é isso que pretende é trazer as pessoas a esse estado, olha lembras-te? No fundo é isto, relembrar, despertar.
Eu estou muito contente com o PB. Está a viver a sua vida, o seu tempo. Eu acho que me cansei de fazer coisas assim a correr e então decidi mudar a forma como vivo o tempo, na minha vida e por consequência na forma como crio. È a primeira vez que estou com um projecto por dois anos nos braços e a vivê-lo e saboreá-lo. Cada criação é algo que vem da profundidade do meu ser e convém nutrir, desfrutar desse crescimento.
No PB investigação e criação andam lado a lado. Eu não penso estar a criara nem mais nem menos quando estou no estúdio com os meus colaboradores ou a dirigir um atelier de pesquisa. A força motriz b é a ideia de procura da beleza. Mas isto sem obsessão, ou sem ânsia no que vou encontrar, interessa-me sim a atitude de me (nos) disponibilizar (mos) para ir à procura de… seja esta coisa (a b) o que for. Eu nunca com os participantes dos meus ateliers ou com os meus colaboradores me sentei com eles a definir o que é a beleza, pela sua subjectividade, quando muito converso sobre a sua importância na existência de cada um (mudando a perspectiva) e como é que a percepcionamos. Este é o género de experiências que podemos à partida partilhar.
No PB cada participante (dos ateliers ou interprete das peças coreográficas) vai criar este projecto com que ir á procura. Escolhe o onde, o como… sim o PB é um projecto de criação cujo conceito é oferecer-se aos outros, não se fechando sobre si, aspirando que os outros se apropriem e vivam algo com ele e contribuam nessa troca de experiências dentro e fora dos ateliers e se mantenham ligadas ao projecto desejavelmente o mais tempo possível. E isto está a começa a acontecer, pessoas que se vão mantendo ligadas ao projecto, a criação dos blogues onde os participantes se tornam contribuidores ajuda neste processo.
Quando é que um projecto se torna b? (cont)
Temos de nos responsabilizar por aquilo que queremos ter na nossa vida, nas medicinas complementares preocupamo-nos com essa responsabilização, daquilo que comemos, pensamos, sentimos, a escolha das pessoas com que nos rodeamos.
A grande dificuldade hoje é mudar de hábitos de vida, alguém disse que “é mais fácil um homem mudar de religião do que hábitos alimentares”. As pessoas são muito renitentes em mudar as pequenas (grandes) coisas porque elas não se querem responsabilizar. As alternativas são uma busca que me deixa fazer algo mais do que na enfermagem.
As pessoas têm de se transformar. E se eu mudasse…
T- Mas nós temos escolhas e devemos escolher o que comer, o que pensar…
A- Sim, mas nós queremos o beneficio mas não nos queremos responsabilizar porque dói pensar que: eu errei…
P- … o sofrimento faz parte da transformação e hoje não se quer arriscar com medo de sofrer e da decepção.
A- Muitas vezes nós falhamos mas devíamos pensar no nosso erro como algo construtivo, o que é que eu posso aprender com isso? Isso falta na nossa cultura e isso torna-nos muito duros connosco.
T- o erro traz nos pistas para prosseguir.
A- Ás vezes pesno: como é que serão estes jovens em adultos se nunca foram frustrados e nunca passaram por este processo de maturação.
Quando é que um projecto se torna b? (cont)
Há de facto um fundo de esperança, por isso também a questão: quando é que um projecto se torna b? Esta vontade que no fundo todos temos de avançar para um futuro melhor mas um futuro melhor concreto e vocês estão a dar-nos a noticia de que é possível. E que não é só um projecto para a tua satisfação pessoal mas que reverte na dádiva ao outro e ao desejo de construir. Hoje em dia estamos focados no concreto e a viver o apogeu da objectividade e o imediato e vocês estão a procurar o mediatizado, o processo, o caminho.
Joclécio- Depois da paragem que tu (teresa) fizeste ganhaste consciência de que o artista é também o seu próprio projecto, de vida e artístico e que estes estão ligados. E falas da ideia de um processo de aperfeiçoamento do ser, é um processo criativo, de reflexão e criação mas é uma porta que te tem levado á questão: como é que eu posso ser melhor? E que tu já referiste estar ligado á ideia de parar e contemplar e procurar beleza… como é que o projecto te ajuda a aperfeiçoar? Nós podemos conversar por conversar mas, também o podemos fazer no sentido de dar e receber, para nos informar mutuamente, por conhecer melhor o outro, por ter consciência da nossa influência (mutua). Como é que o teu processo vem sacudir as coisas formatadas que nos leva a sentir q necessidade de criar um espaço para si próprio para se aperfeiçoar e melhorar a sua performance no sentido de algo que nos preencha.
Quando é que projecto se torna b? (cont)
Jo – Para haver uma mudança é preciso haver uma necessidade por parte de cada um, não nos vale muito ser salvador, não conseguimos chegar aos outro se o outro não estiver disponível. Percebo que com a estratégia dos ateliers, das conversas, deste tipo de relação, tu estás também a tocar no que é que uma pessoa pode/quer mudar, até onde está disponível? Não é possível obrigar o outro à mudança.
T- Sim com os ateliers tem sido mesmo isso, tu dás este espelho da beleza e ás vezes as pessoas conseguem perceber o que de facto não está no seu lugar.
P- Tu para ajudares os outros a fazer essa transformação, tiveram vocês próprias de passar por esse processo interior.
A- Pois porque se calhar temos de encontrar a B dentro de nós.
T- Sim, para tu poderes chegar ao outro e reconhecer e chegares a ele com delicadeza e respeito. Tu só com um pequeno sopro podes mudar algo no outro ou com um olhar em silêncio. (...) Interessa-me muito saber quem sou, mas na sua totalidade do ser e vejo a beleza como essa possibilidade de me resgatar e me levar a uma essência qualquer, e essa essência faz me ir para dentro de mim e conhecer zonas mais recônditas mas não é para ficar lá dentro é para emergir para o exterior e conseguir reconhecer isso em tudo o que em rodeia. Portanto um projecto torna-se b quando este processo começa a ter lugar. Eu acredito que este “algo” está dentro de nós e quando este começa a ser reacordado as mesmas coisas ganham uma nova cor mas o que aconteceu foi termos ganho outra consciência e forma de contacto contigo e começas a reconhecer coisas que de facto sempre estiveram lá…
P- E tu olha-las de m ângulo diferente.
T- Sim, com amor. E ligas- te a algo que não é só visível materialmente.
A- Pois ligaste-te a algo que te transcende, o amor ou energia. Nós tentamos encontrar isso e nós para depois imprimir nas pequenas coisas, pois se já o apercebemos e gostamos é isso que queremos transmitir e facilitar também o processo no outro.
Quando é que um projecto se torna b? (cont)
…e deixar de querer ter respostas. È o belo do agora.
A- É só no agora que conseguimos fazer algo, não é no passado nem no futuro.
(...)
P- Se eu escuto o outro eu sei o que lhe dizer, se eu não o escuto eu posso dizer ou não dizer o que é mais adequado. Nós devíamos ser educados a lidar com as frustrações, perdas, a não ter o que queremos, isto são mortes que geram vidas. (…) Há momentos em que é preciso chorar e se calhar são os momentos mais belos das nossas vidas. Hoje queremos tão à força ser felizes que essa felicidade corre o risco de ser efémera.
"Quando é que um projecto se torna b?", excertos (cont)
A senhora do café ao pé de onde moro disse: sabe, adoro ver a cara das pessoas a entrarem aqui, há aquelas pessoas que entram e eu penso ai é tão bom mas a maioria está triste e agressiva, nem um bom dia e faz tanta diferença…
P- E faze-lo genuinamente.
A- Tentar ver beleza dentro do outro.
T- As coisas só não são belas se não contêm essa verdade.
A- O que é que fica no outro quando morremos? Fica os momentos belos que lhe demos. E é preciso “tirar” tempo para dar ao outro ( e a nós).
Joclécio – Há também no teu projecto esta ideia de aperfeiçoamento, uma atitude consciente para que as coisas mudem, há a possibilidade de deixarmos as coisas andar mas tembém há no fundo o que tu propões que é a ideia de intervenção, não no sentido de isto ser assim mas, e se… E se de uma outra forma? E se em vez esta forma tu esperasses um bocadinho e visses onde o teu corpo te levou o teu olhar te leva. Mas é uma atitude consciente no sentido de um aperfeiçoamento.
T- È o desenvolvimento de uma vontade (interna e autónoma). E relembrar que podemos ir praticando e performando no dia a dia, a todo o instante. Para eu ser uma boa performer em palco eu tenho de praticar estes princípios a ir á padaria de manha, a ir ter com o meu amigo. Investir numa atitude de aperfeiçoamento.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Ciclo de conversas com pessoas sentadas em círculo
Aconteceu a 1a no passado dia 21 de Janeiro no âmbito do Serviço Permanente do NEC. Integrada no projecto de criação e pesquisa "Projecto B" de Teresa Prima, teve como convidados B a própria coreógrafa e a enfermeira e terapeuta de terapias naturais Aldina Rodrigues. A conversa foi moderada por Paulo Duarte,sj sob o tema: "Quando é que um projecto se torna b?".
Excertos desta conversa serão publicados em breve.
A próxima terá lugar a 18 Fevereiro e o tema será "A importância da beleza". Os convidados b: Manuel de Souza Falcão (História da Arte (FLUP) e Artista Visual), Luís Girão (artista transdisciplinar e investigador) e Ana Luísa Amaral (poeta).
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
O número ‘Phi’ que corresponde a 1,618. Uma Beleza matemática chamada 'Divina Proporção'
"Durante anos o homem procurou a beleza perfeita, a proporção ideal…
Os gregos criaram então o retângulo de ouro. Era um retângulo, no qual lado maior era dividido pelo lado menor, e a partir dessa proporção tudo era construído.
Assim eles fizeram o Parthenon... a proporção do retângulo que forma a face central e lateral.
A profundidade dividida pelo comprimento ou altura, tudo seguia uma proporção ideal de 1,618.
Os Egípcios fizeram o mesmo com as pirâmides: cada pedra era 1,618 menor do que a pedra de baixo, a de baixo era 1,618 maior que a de cima, que era 1,618 maior que a da 3ª fileira e assim por diante.
Durante milênios, a arquitetura clássica grega prevaleceu.
O retângulo de ouro era padrão, mas depois de muito tempo veio a construção gótica com formas arredondadas que não utilizavam o retângulo de ouro grego.
Em 1200 Leonardo Fibonacci, um matemático que estudava o crescimento das populações de coelhos, criou aquela que é provavelmente a mais famosa sequência matemática, a Série de Fibonacci.
A partir de 2 coelhos, Fibonacci foi contando como eles aumentavam a partir da reprodução de várias gerações, e chegou a uma sequência onde um número é igual a soma dos dois números anteriores: 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89...
1
1+1=2
2+1=3
3+2=5
5+3=8
8+5=13
13+8=21
21+13=34
E assim por diante... Aí entra a 1ª "coincidência": a proporção de crescimento média da série é...1,618.
Os números variam, um pouco acima às vezes, um pouco abaixo, mas a média é 1,618, exatamente a proporção das pirâmides do Egito e do retângulo de ouro dos gregos.
Então, essa descoberta de Fibonacci abriu uma nova idéia de tal proporção que os cientistas começaram a estudar a natureza em termos matemáticos e começaram a descobrir coisas fantásticas.
-A proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas machos numa colmeia é de 1,618;
-A proporção que aumenta o tamanho das espirais de um caracol é de 1,618;
-A proporção em que aumenta o diâmetro das espirais sementes de um girassol é de 1,618;
- A proporção em que se diminuem as folhas de uma árvore a medida que subimos de altura é de 1,618;
E não só na Terra encontra-se tal proporção.
Nas galáxias as estrelas se distribuem em torno de um astro principal numa espiral obedecendo a proporção de 1,618; também por isso, o número Phi ficou conhecido como A DIVINA PROPORÇÃO. Por volta de 1500, com o Renascentismo, a cultura clássica voltou à moda... Michelangelo e, principalmente, Leonardo da Vinci, colocaram esta proporção natural em suas obras. Mas Da Vinci foi ainda mais longe; ele, como cientista, pegava cadáveres para medir a proporção do seu corpo e descobriu que nenhuma outra coisa obedece tanto a DIVINA PROPORÇÃO do que o corpo humano...
Tudo, cada osso do corpo humano é regido pela Divina Proporção.
Coelhos, abelhas, caramujos, constelações, girassóis, árvores, arte e o homem; São coisas teoricamente diferentes, todas ligadas numa proporção em comum.
Encontramos ainda o número Phi nas famosas sinfonias como a 9ª de Beethoven e em outras diversas obras. Então, isso tudo seria uma coincidência? Ou seria o conceito de Unidade de todas as coisas sendo cada vez mais esclarecido para nós?"
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Mensagem 2010
com amor,
Teresa
"... a autêntica beleza abre o coração humano à nostalgia, ao desejo profundo de conhecer, de amar, de ir para o Alto, para o Além de si. Se aceitamos que a beleza nos toque intimamente, nos fira, nos abra os olhos, então redescobrimos a alegria da visão, da capacidade de colher o sentido profundo do nosso existir, o Mistério do qual somos parte e do qual podemos aurir a plenitude, a felicidade, a paixão do compromisso quotidiano." Papa Bento XVI