A Beleza, um caminho do sensível
Todos já tivemos momentos em que fomos tocados pela Beleza. Todos já sentimos em algum momento o que trouxe às nossas vidas (alegria, vitalidade, inspiração, esperança, ligação, amor, ...)
O fantástico de quando me iniciei no Projecto B, foi abrir-me à possibilidade de vivenciar estes momentos a cada passo do caminho, a cada inspiração e expiração. Deixou de ser algo que acontecia na minha vida arbitrariamente, quase como um golpe de sorte, para ser algo que estava sempre presente (pelo menos como potencialidade), porque eu aspirava a que a Beleza fosse o meu estado interior, porque a procurava.
Fantástico também, foi descobrir como se pode encontrar a Beleza em TUDO.
Apesar de sempre ter percorrido caminhos do sensível, no meu interior, ao conhecer a Teresa e o Projecto B, percebi que esta podia ser uma forma de estar no mundo, quase uma "filosofia de vida", na vida e na arte. O meu lado sensível sentiu-se acarinhado, acompanhado e estimulado; isto fez-me sentir como é importante levar este projecto às pessoas, pois muitas provavelmente também se sentirão assim.
Pude constatar este facto nos ateliês que fui acompanhando, tanto adultos como crianças ficavam comovidos com a procura da Beleza. Para alguns foi certamente reforçar a forma como já viam o mundo, e para outros, quem sabe, foi como fazer uma pausa na agitação mental e emocional que vivem e que os bloqueia, para abrir espaço a um outro estado que lhes permite comover-se com a simplicidade, dedicar algum do seu tempo à contemplação e a estar consigo mesmos numa relação próxima com tudo o que existe. Ou seja, o essencial para sermos seres felizes e conscientes.
Obrigada Teresa, e muita coragem para continuares a inspirar-nos a todos e a fazer deste mundo um mundo mais belo.
Teresa Santos
Beleza. O caminho mais fácil seria buscar a definição num dicionário: encontrar autores, pensamentos, à volta desta realidade tão densa quanto simples. Não descarto a possibilidade de um artigo mais científico ou académico sobre o tema, mas o Projecto B levou-me a outro lado da Beleza: a Vida.
Tão simples e tão denso. “Des-cobrir” os esquemas mentais, deixar-me chegar ao coração, dentro da tal simplicidade que leva em si o denso, e permite a possibilidade de novos movimentos e conhecimentos... e assim abrir a porta que leva ao Encontro. Uma das coisas que nos caracteriza enquanto humanos é a nossa capacidade de captar a beleza da realidade: na arte, nos sonhos, nas palavras, nos movimentos que me levam a criar(-me) de forma continuada, abraçando a história de que somos compostos, apontando para novos horizontes, curiosamente a partir de uma escuta atenta do “aqui e agora”.
No silêncio profundo, aquele que conecta com a mais íntima realidade de ser, é possível outro diálogo: o que parecia ser desde sempre, torna-se novo. A beleza como entrada numa nova forma de ver. O que parecia estanque, fechado, quase sem sentido, ganha dinamismo, dá-se a renovação dos acontecimentos que sempre pareceram tão iguais, tão mais do mesmo.
Tudo traduzível na troca de experiências a estabelecer entre as várias dimensões de nós, humanos, ao nível exterior e interior. A beleza do encontro através do encontro com a beleza por quem está disposto a viver a reciprocidade do dar e do receber. E, assim, deixar que a conversão aconteça, permitindo o espaço de universalidade, através da compreensão, do respeito, da integração da relação geradora de vida.
Tudo passa inevitavelmente pelo entender do que está para além do meu rápido ver ou escutar, do que está para além da superficialidade do momento, do que está para além do meu gosto ou desgosto desta ou daquela pessoa. Pode-se dizer: conhecer para aprofundar um mais que se esconde no imediato, sem pensamento ou reflexão. Depois, mais que o conhecimento, entraremos na sabedoria que conjuga a plenitude do viver. O convite ao saber viver.
A sabedoria da vida: promove a abertura ao Outro. Saio da minha casa, entro na cidade, que me aponta o país, levando-me ao planeta e daí entro no Todo. Dá-se a consciência, a revelação, o êxtase clarificador da pequenez que nos torna grandes diante do olhar Divino.
E assim sou chamado a promover a beleza do encontro e sentir a certeza de somos criados não para uma uniformidade mas para uma união de corações, mais ampla que as diferenças. Nesses passos, o Infinito descobre-se e a Beleza surge em toda a Sua plenitude, revelando a densidade presente em tudo o que é verdadeiramente simples.
Paulo Duarte, sj.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
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